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Bolos dos Santos

Eis que chegamos ao primeiro dia do mês de Novembro e eu não consigo passar este dia sem fazer as broas dos santos. Apesar de à vezes fazer uns docinhos assustadores para os miúdos levarem para a escola e poderem comemorar o dia com os amigos, cá em casa não comemoramos o Halloween. Não consigo entrar no espírito de uma tradição que não é minha, não é do meu país e me parece muito vocacionada, hoje em dia, para o consumismo.

Já os Santos comemoramos. Os meus filhos quando eram mais pequenos iam ao Pão Por Deus à casa dos avós, fizemos saquinhos, ensinámos o significado e o porquê deste dia e, hoje que já estão mais crescidos, fazemos a broas ou bolinhos dos santos. Confesso que a minha parte preferida é o cheiro a erva doce que fica na casa. Simplesmente divinal!

Este ano fiz as broas do costume, que passei a minha infância a comer. Não lhes adicionei pinhões este ano, porque estão estupidamente caros e porque não os fui apanhar ao pinhal. A receita das broas dos santos pode ser encontrada aqui.

No entanto apeteceu-me experimentar uns bolinhos diferentes e fiz uma receita que encontrei no meu livro preferido de todo o sempre "Cozinha Tradicional Portuguesa" da Maria de Lourdes Modesto. São os bolos dos santos da Beira Baixa. Muito simples de fazer, fofinhos, com um delicioso aroma a erva doce e absolutamente irresistíveis. São tão bons que já devorámos dois!



BOLOS DOS SANTOS

Ingredientes (para 8 bolos):

1 kg de farinha de trigo sem fermento
100g de manteiga derretida
4 colheres de chá de fermento seco para pão
6 ovos pequenos
160g de açúcar
30g de erva doce moída
2 colheres de chá de canela
cerca de 2 dl de água tépida
sal fino

açúcar para polvilhar
1 ovo para pincelar


Preparação:

Retiram-se 6 colheres de sopa de água aos 2 dl. A essas 6 colheres de sopa de água junta-se o fermento e 1 colher de chá de açúcar. Mexe-se e deixa-se repousar até começar a espumar.

À mistura de fermento adiciona-se a farinha, os ovos, a manteiga derretida, o restante açúcar, a erva- doce, a canela e uma pitada boa de sal.

Amassa-se tudo com a mão e vai-se juntando a restante água morna a pouco e pouco, até que se obtenha uma massa macia e elástica. Caso seja necessário e a massa esteja demasiado seca, juntem mais água tépida, uma colher de sopa de cada vez.

Forma-se uma bola, coloca-se numa tigela grande e tapa-se com película aderente. Abafa-se com um cobertor e deixa-se levedar durante 1 hora.

Ao fim desse tempo, transfere-se a massa para uma bancada limpa e enfarinhada. Divide-se a massa em 8 pedaços iguais.

Moldam-se bolas, colocam-se em tabuleiros forrados com papel vegetal, e faz-se um corte em cruz com uma tesoura de cozinha.

Tapam-se os tabuleiros com um pano e deixa-se repousar durante 10 minutos.

Entretanto liga-se o forno a 200ºC.

Pincelam-se os bolos com ovo batido e coloca-se 1 colher de sobremesa de açúcar em cima da cruz feita com a tesoura e leva-se ao forno durante 20 minutos, ou até estarem dourados e fazerem um som oco quando se bate neles por baixo.

Deixar arrefecer numa rede e guardar num recipiente hermético, ou colocar em sacos de congelação e congelar para daqui a umas semanas poderem apreciar  novamente estes bolos dos santos.


9 comentários:

  1. Amei o aspecto, devem ser deliciosos,
    Bjinhos, espero lhe no meu blog http://pratosdabela.blogspot.com

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    1. Obrigado Anabela. Já passei pelo blog e adorei a ementa desta semana ;-) Beijinhos

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  2. Ficaram lindos :)
    A minha avó fazia muito!
    Um beijinho

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    1. Olá Joana, é mesmo uma receita que faz lembrar as nossas avós.
      Obrigado.
      Beijinhos

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  3. Olá Sofia,
    Gosto muito das massas destes pãozinhos, e a erva doce (para mim) deve ter dado um sabor
    excelente. Ficaram lindos e bem gulosos.
    Beiojinho amiga

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  4. Embora frequentemente associada ao Halloween americano e à figura de Jack-O-Lantern derivada do folclore irlandês e britânico, a tradição de esvaziar uma abóbora e nela recortar orifícios de forma a criar a ideia de olhos, nariz e boca, com a finalidade de inserir uma vela no interior da abóbora para que se gere uma estética aterradora a lembrar uma caveira, não é uma tradição exclusiva do mundo anglo-americano e irlandês, e no caso galego-português, nem sequer é daí originária.

    Efectivamente, tal tradição verifica-se também na Península Ibérica e é antiquíssima, tendo no nosso país exemplos conhecidos na zona do distrito de Coimbra, na Beira Alta e no Minho. Provavelmente estendeu-se em tempos a Trás-Os-Montes e mesmo a algumas zonas Alentejanas. Embora tal tradição já não se encontre “viva” como outrora, tendo desvanecido a sua prática generalizada em finais da primeira metade do séc. XX, ainda se conseguirá porventura encontrar-se em aldeias mais isoladas minhotas ou beirãs, sendo que a nível nacional se lhes dá o nome de “Cocas” ou “Cocos”, e não é uma tradição restrita a abóboras, mas também a cabaças.

    Nas palavras do investigador espanhol Rafael Loureiro, que fez uma extensa recolha de tais tradições por toda a Península Ibérica, a tradição de Outono de abóboras com formas de olhos, nariz e boca talhados na casca e uma vela a iluminar o seu interior, é uma tradição ancestral na Península Ibérica.

    Significância e Mito
    O iluminar de abóboras e/ou cabaças talhadas com os traços semelhantes a uma caveira é uma tradição que se põe em prática nas vésperas do Dia de Todos os Santos, e tal data não é coincidência, não por ser a data do Halloween conforme foi popularizado pela festividade americana, mas porque tal feriado no nosso país (e em grande parte do mundo ocidental cristão) é uma forma do cristianismo se sincronizar com o Samhain celta, que em tempos pré-cristãos seria também celebrado pelos povos celtas ou celticizados da Península Ibérica. Assim como o Dia de Todos os Santos se propõe a celebrar os finados, o Samhain celta implicava a abertura das portas entre o mundo dos vivos e o Outro Mundo, que na tradição celta era habitado por uma sobreposição de figuras mitológicas como os deuses e figuras do folclore como os Aes Sidhe ou fadas, assim como pelos mortos. Na noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro o tempo parava, e tais entidades invadiam o nosso mundo, com os mortos a regressarem. As celebrações de Samhain implicavam assim a celebração dos antepassados, assim como o final da época da luz e das colheitas e o início da época escura, do inverno, da queda das folhas, associada também ela a uma “morte” simbólica.

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